Vivemos em um mundo acelerado, cheio de demandas, prazos e estímulos constantes. Em meio a tantas pressões, sentir-se estressado de vez em quando é natural. Afinal, o estresse é uma resposta adaptativa do corpo diante de situações desafiadoras. O problema surge quando esse estado se torna constante, sem espaço para descanso e recuperação. É aí que o estresse crônico começa a afetar não apenas o corpo, mas também o funcionamento do cérebro. Dessa forma, ele compromete memória, atenção, humor e até a capacidade de tomar boas decisões.
O que é estresse crônico e como ele age no cérebro
A princípio, o estresse é uma resposta biológica projetada para proteger o organismo. Assim, diante de uma ameaça (real ou percebida) o cérebro aciona o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), que libera hormônios como a adrenalina e o cortisol. Essa reação aumenta os batimentos cardíacos, melhora a oxigenação dos músculos e prepara o corpo para reagir rapidamente, o famoso “modo de luta ou fuga”. Portanto, em situações pontuais, esse mecanismo é extremamente útil.
O problema é quando a ativação do eixo HHA se mantém por longos períodos, como, por exemplo, em casos de pressões profissionais, sobrecarga emocional, preocupações financeiras ou conflitos familiares. Quando o corpo permanece nesse estado de alerta constante, o cortisol deixa de ser um aliado e passa a ser um agente de desgaste.
No cérebro, o excesso de cortisol altera o funcionamento de estruturas fundamentais, como o hipocampo (ligado à memória), o córtex pré-frontal (associado à atenção e ao controle das decisões) e a amígdala (relacionada às respostas emocionais). Com o tempo, essas alterações podem levar a dificuldades cognitivas e emocionais importantes.
Como o cortisol impacta memória e cognição
O cortisol, conhecido como o hormônio do estresse tem um papel essencial na regulação do metabolismo e na resposta inflamatória. Em níveis equilibrados, ele contribui para o funcionamento normal do cérebro. No entanto, quando há exposição prolongada ao estresse, o excesso desse hormônio passa a ter efeitos tóxicos sobre os neurônios.

O hipocampo é uma das regiões mais sensíveis ao cortisol. É nele que se consolidam novas memórias e se integram informações aprendidas. Estudos mostram que o estresse crônico pode causar redução do volume do hipocampo, prejudicando a formação de novas lembranças e a recuperação de memórias antigas. Isso explica por que pessoas sob estresse intenso costumam ter lapsos de memória ou dificuldade para se concentrar.
Além da memória, a atenção também é afetada. O córtex pré-frontal, região responsável pelo foco, planejamento e raciocínio, tem sua atividade reduzida quando há altos níveis de cortisol. Isso leva a uma sensação constante de distração e confusão mental, o que muitas pessoas descrevem como “mente cansada” ou “névoa mental”.
O resultado é um ciclo vicioso: quanto mais o estresse afeta a cognição, mais difícil se torna lidar com as demandas do dia a dia, o que aumenta a sensação de sobrecarga e perpetua o estado de estresse.
Estresse crônico e alterações emocionais
Os efeitos do estresse crônico não se limitam à memória e à atenção. Ele também impacta profundamente as emoções e o humor. A amígdala cerebral, que regula o medo e a resposta emocional, tende a ficar hiperativada sob estresse prolongado. Isso faz com que a pessoa se torne mais reativa, ansiosa e irritável, reagindo de forma desproporcional a pequenas frustrações.
Ao mesmo tempo, o córtex pré-frontal, responsável por inibir impulsos e avaliar as consequências das ações, perde eficiência. Assim, as emoções passam a dominar o comportamento, dificultando o controle emocional e a tomada de decisões equilibradas.

A longo prazo, essa combinação de hiperatividade da amígdala e enfraquecimento do córtex pré-frontal aumenta o risco de transtornos de humor, como depressão e ansiedade generalizada. O cérebro se torna menos capaz de retornar ao equilíbrio, e o organismo permanece preso em um estado de alerta que desgasta corpo e mente.
Outro aspecto importante é a alteração do sono. O cortisol interfere no ciclo circadiano, dificultando o adormecimento e reduzindo o sono profundo, essencial para a recuperação cerebral. A privação de sono, por sua vez, agrava os problemas de atenção e memória, reforçando novamente o ciclo de estresse e fadiga mental.
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Estratégias para reduzir os efeitos do estresse crônico no cérebro
Embora o estresse seja inevitável, é possível reduzir seus efeitos negativos sobre o cérebro com estratégias de regulação emocional e autocuidado. Algumas práticas comprovadas pela neurociência ajudam a restaurar o equilíbrio do sistema nervoso e reduzir os níveis de cortisol.

1. Praticar técnicas de relaxamento
Respiração profunda, meditação e mindfulness são técnicas eficazes para reduzir a ativação do eixo HHA. Estudos mostram que a prática regular de atenção plena pode aumentar a densidade de substância cinzenta no hipocampo e fortalecer o córtex pré-frontal, revertendo parcialmente os efeitos do estresse crônico.
2. Priorizar o sono
Dormir bem é uma das formas mais poderosas de regenerar o cérebro. Desse modo, o sono adequado reduz o cortisol e melhora a consolidação da memória. Manter horários regulares e criar um ritual noturno de relaxamento são passos simples, mas eficazes.
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3. Exercitar-se regularmente
A atividade física libera endorfina, um neurotransmissor que promove sensação de bem-estar e reduz o estresse. Além disso, o exercício aumenta o fluxo sanguíneo cerebral, estimulando a neurogênese, a formação de novos neurônios, especialmente no hipocampo.
4. Cultivar conexões sociais
O apoio social é um amortecedor natural contra o estresse. Conversar, rir e sentir-se acolhido ativam o sistema de recompensa do cérebro, reduzindo a ação da amígdala e equilibrando as emoções.
5. Ajustar expectativas e ritmo
Aprender a reconhecer os próprios limites e dizer “não” quando necessário é fundamental. A sobrecarga contínua alimenta o estresse crônico; por isso, estabelecer pausas, delegar tarefas e cuidar de si com gentileza não é luxo, é necessidade.

Cuidar do cérebro é cuidar da mente contra o estresse crônico
Em resumo, o estresse é parte da vida, mas o modo como lidamos com ele define o impacto que terá em nossa saúde mental e cognitiva. Afinal, o cérebro tem uma extraordinária capacidade de adaptação, e, com práticas consistentes de autocuidado, é possível recuperar o equilíbrio e a clareza mental. Portanto, investir em momentos de pausa, lazer e conexão é o melhor antídoto contra o estresse crônico e uma forma poderosa de proteger memória, atenção e tomada de decisão.
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