O que é a avaliação de riscos psicossociais e como integrá-la ao GRO?

Foto de duas pessoas de gênero e etnia diferentes analisando a avaliação de riscos psicossociais, prevista pela NR-1, em uma empresa.

Com a obrigatoriedade da avaliação de riscos psicossociais, prevista pela NR-1, é preciso refletir sobre o quanto os fatores emocionais e sociais podem impactar diretamente a produtividade, a saúde e até a permanência dos colaboradores na sua empresa.

Afinal, riscos relacionados ao estresse, pressão excessiva, isolamento, assédio ou jornadas desumanas não afetam apenas o clima organizacional, mas também geram afastamentos, turnover e prejuízos financeiros significativos. 

Empresas que não adequarem seus processos e cultura organizacional à nova lei, correm o risco de sofrer multas, além de danos de reputação e de imagem.

Mas a boa notícia é que a avaliação psicossocial não é apenas uma exigência legal, mas também uma ferramenta estratégica para promover bem-estar corporativo, engajamento e segurança psicológica.

Continue lendo para descobrir, em detalhes, como integrá-la ao GRO (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais) e de que forma ela pode reduzir os custos com substituições e trazer maior previsibilidade no fluxo de trabalho.

Boa leitura!

O que é a avaliação de riscos psicossociais?

A avaliação de riscos psicossociais é um processo sistemático que identifica, analisa e monitora os fatores do ambiente de trabalho que podem comprometer a saúde mental e o bem-estar emocional dos colaboradores.

Esses fatores incluem desde sobrecarga de trabalho, falta de autonomia e jornadas excessivas até práticas de liderança tóxicas, assédio moral, ausência de reconhecimento e até desequilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Ao contrário de avaliações físicas ou ergonômicas, esse processo foca em aspectos subjetivos e relacionais, exigindo instrumentos como pesquisa de clima organizacional, entrevistas, grupos focais e até mesmo um teste de saúde mental para colaboradores estruturado.

Algumas situações que configuram riscos psicossociais incluem:

  • exigências de prazos impossíveis;
  • cobrança excessiva;
  • falta de clareza sobre funções e responsabilidades;
  • ambiente de isolamento;
  • comunicação deficiente;
  • ausência de canais para ouvir colaboradores;
  • relações interpessoais conflituosas.

Desde maio de 2025, a avaliação de fatores psicossociais no trabalho é obrigatória para todas as empresas no Brasil como parte da gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST), conforme exigido pela Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1).

Foto de uma balança da justiça de ouro em frente a uma pessoa de terno digitando em um laptop em um escritório, representando a obrigação legal das empresas de mapear os riscos psicossociais.

Por que a avaliação de riscos psicossociais é obrigatória?

Como exigência da nova NR-1, todas as empresas brasileiras precisam incluir a identificação de riscos psicossociais em seu GRO (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais). 

O objetivo é assegurar que os riscos relacionados à saúde emocional tenham o mesmo nível de monitoramento que os riscos físicos, químicos e biológicos.

A inclusão atende a uma crescente conscientização global sobre os impactos da saúde mental no trabalho, alinhando o Brasil com as diretrizes da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Dessa forma, espera-se reduzir afastamentos, aumentar a produtividade e promover ambientes de trabalho mais saudáveis e seguros.

O que pode acontecer caso sua empresa não realize a gestão de riscos psicossociais (multas, sanções e riscos)

Algumas punições e consequências possíveis são:

Multas administrativas pela fiscalização do trabalho

A empresa pode ser autuada pelo Ministério do Trabalho (MTE) por descumprimento da NR-1, com base nos artigos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) que tratam de normas de segurança e saúde no trabalho. 

A fiscalização verificará a documentação e se há:

Caso não encontre ou constate omissão, pode aplicar multas administrativas que variam conforme o porte da empresa, gravidade da infração, recorrência e número de trabalhadores afetados. 

O valor pode chegar a dobrar em casos de reincidência ou quando o risco resulta em danos efetivos (doenças ocupacionais, afastamentos, etc.) ou ações trabalhistas. 

Outros riscos e custos indiretos

Responsabilização civil e trabalhista: no caso de um colaborador adoecer em razão de condições psicossociais negligenciadas, a empresa pode ser acionada judicialmente, ter passivos caros em indenizações e responder por danos morais ou materiais. 

Reputação: empresas com constatações de ambiente tóxico ou omissão em saúde mental podem sofrer danos à imagem, dificultando a atração de talentos ou contratos de parceiros. 

Além disso, existem possíveis impactos sobre seguros ou encargos previdenciários/acidentários, pois doenças ocupacionais relacionadas à saúde mental podem aumentar custos para a empresa.

🟠 Leia também “NR-1 e a prevenção do burnout”!

Foto de uma jovem mulher negra segurando a ponte do nariz com as sobrancelhas franzidas em um ambiente de escritório, representando o cansaço e exaustão de colaboradores com a saúde mental em risco no trabalho.

Panorama psicossocial no Brasil

Apesar do burnout (síndrome do esgotamento profissional) afetar qualquer área de atuação, é mais comum em carreiras que exigem alto envolvimento emocional, pressão constante e contato direto com o público.

Confira as 6 áreas corporativas que mais sofrem com burnout no Brasil de acordo com uma pesquisa da Way Minder:

  1. RH – Recursos Humanos.
  2. Vendas.
  3. Educação.
  4. Liderança.
  5. Administrativo.
  6. TI – Tecnologia da Informação.

Ao aprofundar os perfis de líder mais afetados estão:

  • CEO (Chief Executive Officer), diretor e sócio.
  • Gerente e coordenadores.
  • Sub-gerentes e supervisores.

Ainda de acordo com o estudo, entre as lideranças C-Level, a geração X, considerada mais tradicional em relação ao trabalho e com preferência por carreiras estáveis, é a mais impactada.

Burnout coletivo em agências de marketing

A síndrome de burnout em agências de marketing é causada principalmente por fatores como pressão por resultados, prazos curtos, cultura de plantão e carga de trabalho excessiva.

Segundo dados de um levantamento recente da Deskfy, 94% dos profissionais de marketing que trabalham em agências vivem um caos operacional diário devido a processos mal-estruturados.

Como consequência, o burnout coletivo é uma tendência alarmante que vem se alastrando entre as equipes, prejudicando a saúde emocional.

🟣 Saiba mais sobre os fatores de risco do burnout no trabalho!

Quais são as principais doenças ocupacionais?

De acordo com a psicóloga Larissa Fonseca sobre o risco de desenvolver problemas de saúde mental no trabalho, as principais características das doenças ocupacionais que podem surgir no ambiente corporativo são:

Ansiedade

A ansiedade manifesta-se por preocupação excessiva, dificuldade de concentração e medo constante de errar. 

No trabalho, gera paralisia diante de tarefas, irritabilidade e queda de produtividade.

Depressão

A depressão aparece como desmotivação persistente, apatia e sensação de inutilidade. 

No ambiente profissional, provoca isolamento, baixo rendimento e dificuldade em manter foco e cumprir prazos.

Estresse

O estresse surge por sobrecarga e pressão contínua, com sintomas físicos e emocionais.

No trabalho, resulta em fadiga, irritação, falhas de memória e maior propensão a conflitos.

Transtornos/distúrbios de sono

Transtornos ou distúrbios de sono caracterizam-se por insônia, sono fragmentado ou excesso de cansaço. 

No trabalho, comprometem o raciocínio, o humor e a capacidade de tomar decisões.

🟠 Leia também “Como as empresas podem mitigar riscos psicossociais” para descobrir maneiras de prevenir estas e outras doenças ocupacionais.

Foto de um painel com post-its coloridos colados, representando o uso da metologia Kanban de um planejamento empresarial com foco em integrar a avaliação de riscos psicossociais ao GRO (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais).

Como integrar a avaliação de riscos psicossociais ao GRO?

Para integrar o mapeamento de riscos psicossociais ao GRO de maneira bem-sucedida para evitar multas da NR-1:

1. Entenda a relação entre GRO e riscos psicossociais

O GRO é a espinha dorsal da prevenção em saúde e segurança no trabalho. 

O programa organiza, documenta e monitora os riscos aos quais os colaboradores estão expostos.

Com a nova exigência, os agentes psicossociais passam a integrar o sistema, recebendo a mesma seriedade de outros fatores ocupacionais.

2. Estruture o processo em etapas claras

Para integrar os riscos psicossociais ao GRO, é essencial adotar uma metodologia organizada que envolve:

  • Mapeamento inicial: identifique os principais fatores de estresse e vulnerabilidade.
  • Ferramentas de diagnóstico: aplique instrumentos como pesquisa de clima em empresas, questionários anônimos, testes de saúde mental e indicadores de saúde.
  • Priorização de riscos: defina quais fatores representam maior impacto.
  • Plano de ação: implemente medidas práticas para mitigação de estressantes ocupacionais, como programas de bem-estar.
  • Monitoramento contínuo: acompanhe periodicamente os resultados.

É fundamental identificar quais áreas da empresa estão sendo mais prejudicadas para agir imediatamente.

3. Use métricas e indicadores confiáveis

Além de percepções qualitativas, adote dados concretos, como:

  • Índice de afastamentos por transtornos mentais.
  • Nível de engajamento em programas de saúde mental.
  • Resultados de pesquisa de clima organizacional.
  • Taxa de rotatividade e pedidos de desligamento voluntário.

Entender as métricas e indicadores de saúde mental no trabalho é essencial porque revelam o impacto real dos riscos psicossociais na produtividade, no clima organizacional e na saúde emocional dos colaboradores.

4. Envolva líderes e a área de Recursos Humanos no processo

É fundamental treinar líderes para identificar sinais de burnout, ansiedade ou estresse nas equipes. 

O RH, por sua vez, deve atuar como ponte entre empresa e trabalhadores, promovendo canais de acolhimento e políticas consistentes de saúde mental e saúde emocional.

5. Incentive práticas de bem-estar 

Para atingir o bem-estar corporativo e, como consequência, diminuir significativamente os riscos psicossociais na sua empresa, é altamente recomendado implementar intervalos para:

  • momentos de lazer;
  • mindfulness;
  • meditação;
  • alongamentos;
  • ginástica laboral.

Para empresas que operam em coworkings ou ambientes híbridos, alugar um prédio com espaços de descanso ao ar livre, salões de jogos e salas para yoga são iniciativas simples que reforçam uma cultura de wellness corporativo. 

Incentivar práticas de bem-estar no ambiente de trabalho ajuda a restaurar o foco, reduzir o estresse e promover o work-life balance, resultando em profissionais mais engajados, criativos e produtivos.

Bônus: utilize o salário emocional como estratégia preventiva

O salário emocional tem papel decisivo na mitigação de riscos psicossociais. 

Empresas que investem neste ativo invisível constroem relações de confiança e pertencimento, o que reduz a rotatividade e melhora o desempenho coletivo. 

Além disso, o salário emocional reforça a cultura de bem-estar corporativo e cria uma base sólida e sustentável para o equilíbrio entre saúde mental e alto desempenho profissional.

Foto de uma profissional de RH (Recursos Humanos) e uma profissional de DP (Departamento Pessoal) discutindo os resultados positivos após a implementação da avaliação de riscos psicossociais na empresa.

Quais os benefícios de avaliar riscos psicossociais?

Identificar riscos psicossociais contribui para:

  • redução de afastamentos e turnover;
  • aumento na retenção e permanência talentos;
  • melhoria no clima organizacional;
  • evolução da performance operacional;
  • aumento do engajamento;
  • redução de falhas e retrabalho;
  • melhoria da reputação;
  • diminuição de litígios e custos legais;
  • maior facilidade para patrocínios e parcerias estratégicas;
  • reconhecimento como marca empregadora (Employer Branding).

De acordo com o estudo “ROI do Bem-Estar”, no Brasil, 82% das empresas observam redução nos custos de plano de saúde e 88% atribuem aos programas de bem-estar uma queda no número de faltas no trabalho por questões médicas.

Ou seja, mais do que cumprir a legislação trabalhista, a promoção da saúde mental nas empresas gera vantagens competitivas que fomentam resultados sustentáveis e mais consistentes a longo prazo.

Integre a avaliação de riscos psicossociais ao GRO com inteligência estratégica

Para que a sua empresa possa realizar o diagnóstico de riscos psicossociais e incorporá-lo ao GRO de maneira estratégica, a BurnUp, ecossistema de bem-estar emocional e mental gratuito, oferece testes de saúde mental para colaboradores que identificam níveis de ansiedade, esgotamento profissional e outros indicadores relevantes.

Por meio de um dashboard intuitivo e gratuito, os resultados são apresentados de forma global e segmentada por área, facilitando a priorização de ações preventivas e corretivas. 

Com uma visão integrada, sua empresa passa a enxergar de forma estruturada os fatores que impactam diretamente o desempenho humano e organizacional.

Cadastre sua empresa gratuitamente na BurnUp para transformar dados em insights estratégicos e cumprir as exigências legais de forma assertiva!

Caso ainda tenha alguma dúvida sobre a plataforma, acesse o FAQ para empresas.

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