Salário emocional: o ativo invisível que impulsiona os resultados das empresas

Foto de um time diverso, produtivo, motivado e engajado, que trabalha em uma empresa que promove ativamente o salário emocional, comemorando resultados positivos.

Com as mudanças no mercado de trabalho e o verdadeiro diferencial competitivo das empresas modernas sendo, cada vez mais, o cuidado delas para com seus colaboradores, o salário emocional surge como uma tendência global que conecta bem-estar, engajamento e resultados.

Em um cenário onde profissionais buscam equilíbrio entre trabalho e lazer, propósito de carreira e qualidade de vida, oferecer apenas uma boa remuneração financeira já não é mais suficiente.

Neste artigo, você vai entender uma das mudanças mais significativas no mercado de trabalho, o novo perfil do trabalhador moderno e como adaptar-se de maneira competitiva a esta nova realidade.

Continue lendo para aprender como aplicar o salário emocional na sua organização pode reter talentos estratégicos e contribuir para o cumprimento da legislação!

O que é salário emocional?

O salário emocional é o conjunto de benefícios intangíveis que complementa o salário financeiro do colaborador, englobando todas as ações tomadas pela empresa que contribuem para a satisfação, realização e qualidade de vida no ambiente de trabalho.

O salário emocional é um conceito que abrange:

  • reconhecimento e valorização;
  • oportunidades de aprendizado e crescimento;
  • equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
  • cultura organizacional saudável;
  • espaços de escuta e apoio emocional.

Em outras palavras, o salário emocional é o que faz um profissional acordar todos os dias motivado a dar o seu melhor, não apenas pelo dinheiro, mas porque sente que está em um lugar que valoriza suas entregas.

Entretanto, é crucial destacar que o salário emocional não substitui a remuneração financeira nem deve ser visto como um “benefício trabalhista” ou privilégio.

 🟠 Um alto salário emocional não compensa um baixo salário econômico.

Por que o salário emocional é uma tendência?

Nas últimas décadas, especialmente após a pandemia expor crises de saúde mental, a cultura corporativa passou por transformações profundas. 

Antes, as empresas podiam se destacar facilmente por oferecer bons salários ou pacotes robustos de benefícios financeiros, como PLR (Participação nos Lucros ou Resultados). Hoje, só isso não basta.

As grandes transformações na rotina profissional, o desencadeamento de casos de burnout e a preocupação com a saúde mental durante o período de distanciamento social são alguns dos fatores que levaram os colaboradores a reavaliar sua relação com o trabalho.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) já alertava, desde os anos 2000, que os fatores psicossociais seriam um dos grandes desafios da gestão de pessoas no século XXI. 

A Grande Resignação

Não por acaso, em 2021, ocorreu a “Grande Resignação” (ou Grande Renúncia, em inglês, Great Resignation ou Big Quit), um movimento global de demissões voluntárias em massa impulsionado pela pandemia de COVID-19 e pelas mudanças de prioridades dos trabalhadores, como:

  • valorização do bem-estar;
  • trabalho remoto;
  • flexibilidade de horário;
  • busca por um propósito maior. 

Dessa forma, muitos trabalhadores deixarem seus empregos para empreender, fazer uma transição de carreira ou buscar melhores condições de trabalho.

Uma matéria da CNN revelou que, como reflexo da Grande Resignação, as demissões voluntárias bateram recorde no Brasil com mais de 7 milhões de brasileiros insatisfeitos com as condições empregatícias em 2023.

Dados relacionados ao salário emocional

Em paralelo, movimentos globais de bem-estar corporativo mostraram que colaboradores felizes e saudáveis emocionalmente produzem mais e permanecem por mais tempo nas empresas.

Uma matéria da revista Forbes revelou que:

  • 70% dos CEOs consideram o bem-estar dos colaboradores essencial para o sucesso financeiro das companhias;
  • 94% dos líderes veem retorno financeiro nos investimentos em bem-estar empresarial.

Os dados revelam que olhar para o salário emocional não é apenas uma questão de “cuidar das pessoas”, mas também de inteligência de negócios.

Não se trata de um “benefício extra”, mas de uma reestruturação do contrato psicológico entre empregador e colaborador obrigatório para empresas que querem atrair e reter talentos na era pós-pandemia.

Salário emocional: o legado do Setembro Amarelo dentro das empresas

Desde a popularização do Setembro Amarelo no ambiente corporativo, a campanha convida organizações a olharem para a saúde mental como prioridade. 

No entanto, a conscientização só é efetiva quando traduzida em práticas diárias de bem-estar emocional no trabalho. 

Neste sentido, o salário emocional assegura que políticas de valorização, reconhecimento e apoio à saúde mental que reduzem riscos psicossociais, e constroem vínculos de confiança entre colaboradores e empresa, sejam aplicadas não somente durante o mês de setembro, mas o ano todo.

Foto de mulher jovem sorrindo, relaxada no escritório, praticando alongamento e tendo um momento de bem-estar durante o dia de trabalho.

Como o salário emocional funciona?

Como um conjunto de ações, recompensas ou influências que buscam aumentar o bem-estar do colaborador, o salário emocional gera pertencimento, motivação e propósito.

Enquanto o contracheque promove segurança financeira, o salário emocional não é um valor depositado em conta, mas um conceito estratégico que redefine a relação entre empresas e trabalhadores. 

Funciona como um conjunto de benefícios não monetários, envolvendo práticas, políticas e culturas organizacionais, desenhadas para gerar: 

  • bem-estar onde se faz;
  • sentido no que se faz;
  • lealdade para quem se faz.

Ou seja, seu objetivo é valorizar o ser humano por trás do profissional, reconhecendo que a satisfação no trabalho vai muito além do dinheiro.

A lógica por trás do salário emocional

A base do salário emocional está na psicologia humana e na hierarquia de necessidades de Maslow. 

Enquanto o salário tradicional atende necessidades básicas (sobrevivência, segurança), o salário emocional atende necessidades superiores:

  • autorrealização, como crescimento e propósito;
  • reconhecimento, como valorização e status;
  • social, como pertencimento e conexão.

Em outras palavras, é a resposta humana à era dos negócios ágeis e “resultados para ontem”, uma evolução inevitável no mundo do trabalho.

Quais são os 10 fatores que definem o salário emocional?

Como um conceito multifacetado, os principais fatores que o definem são:

  1. autonomia na administração dos projetos;
  2. pertencimento ao time de trabalho;
  3. abertura para expressão de criatividade em novas ideias;
  4. plano de carreira de curto, médio e longo prazo;
  5. interatividade positiva no ambiente de trabalho;
  6. domínio da função;
  7. ambiente e pessoas que inspiram;
  8. crescimento pessoal;
  9. crescimento profissional;
  10. propósito na carreira escolhida.

Estes dez fatores-chave foram idealizados pela especialista em recursos humanos (RH) Marisa Elizundia para sua ferramenta “Barômetro do Salário Emocional”; após pesquisa realizada em mais de 20 países, em vários tipos de empregos.

Quando alinhados, eles criam uma percepção de segurança psicológica que motiva e fideliza os trabalhadores.

Foto de profissional de RH (Recursos Humanos) sorrindo, apertando a mão do CEO com planos de implementar o salário emocional na empresa.

Qual é a importância e o valor do salário emocional?

O valor do salário emocional está em reduzir o turnover (índice de rotatividade de colaboradores), fortalecer a marca empregadora e potencializar o engajamento interno. 

Empresas que aplicam práticas de bem-estar corporativo podem obter destaque em rankings como o Great Place to Work, ampliando também sua reputação no mercado.

Além disso, o salário emocional é uma das principais estratégias de retenção de colaboradores altamente qualificados, inclusive de profissionais que já possuem salários financeiros altos.

Ainda de acordo com a matéria da revista Forbes, a implementação de programas de bem-estar corporativo:

  • reduziu o absenteísmo e a falta de rendimento em até 40%;
  • resultou na queda do número de ausências dos profissionais, segundo 67% dos CEOs;
  • é motivo de priorização ao escolher um emprego para 89% dos profissionais;
  • fazem 62% dos trabalhadores permanecerem mais tempo nas companhias.

🟣 Atualmente, a forma como o colaborar se sente em relação a empresa está diretamente relacionada ao seu tempo de permanência nela e retorno em resultados concretos.

Exemplos práticos de salário emocional

Para deixar o conceito mais palpável, conheça alguns exemplos práticos de como o salário emocional pode ser aplicado:

  1. Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) para evolução e amadurecimento do trabalhador.

  1. Reconhecimento e valorização das capacitações e resultados alcançados pelo colaborador.

  1. Programas de bem-estar corporativo, como aulas de meditação voltadas para mindfulness, yoga e/ou ginástica laboral.

  1. Plano de carreira para criar perspectivas e mostrar que a empresa tem planos de seguir com a contratação do profissional, transmitindo estabilidade e segurança do emprego.

  1. Horário flexível ou modelo híbrido, dando mais autonomia para o colaborador equilibrar trabalho e vida pessoal (work-life-balance).

  1. Capacitação interna para desenvolver talentos promissores.

  1. Programas de mentoria para estimular crescimento profissional e troca de experiências.

  1. Pesquisas de clima organizacional recorrentes para entender as dificuldades das equipes e identificar pontos de melhoria na gestão da organização.

  1. Espaços de escuta ativa por meio de canais abertos para receber feedback dos profissionais.

  1. Comunicação transparente sobre o crescimento da empresa.

  1. Envolvimento em projetos estratégicos, demonstrando confiança nas soft e hard skills do colaborador.

  1. Programas de reconhecimento e benefícios alinhados com o tempo de permanência e resultados atingidos pelo profissional.

  1. Teste de saúde mental para colaboradores para identificar quais setores da empresa estão mais sobrecarregados.

Com ações simples, mas consistentes, como promover uma reunião mensal para colher a opinião das equipes sobre a empresa, é possível transformar a percepção dos trabalhadores.

Foto de profissionais de RH (Recursos Humanos) em ambiente corporativo com vista para a cidade ao fundo, discutindo sobre os benefícios do salário emocional.

Quais são os benefícios do salário emocional nos resultados da empresa?

Implementar um salário emocional robusto gera benefícios, como:

Redução da rotatividade e dos custos de substituição

O estudo de engajamento de funcionários da Gallup, realizado em 142 países, mostrou que, no Brasil, 73% dos trabalhadores apresentam baixa satisfação emocional, sendo este o principal motivo do aumento da rotatividade nas empresas.

Além disso, cada saída pode custar de 50% a 200% do salário anual do colaborador em recrutamento, treinamento e perda de know-how

Por outro lado, ao investir em salário emocional, oferecendo reconhecimento, flexibilidade e suporte real à saúde mental, a organização constrói vínculos sólidos e reduz drasticamente o ciclo de entradas e saídas.

Aumento comprovado da produtividade

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a cada US$1 investido em bem-estar mental, há um retorno médio de US$4 em produtividade. 

Isso acontece porque colaboradores emocionalmente apoiados se sentem mais engajados, trabalham com foco e criatividade, e evitam o “presentismo” (estar presente fisicamente, mas improdutivo por desgaste emocional).

Retenção de talentos estratégicos

Em um cenário competitivo, perder profissionais-chave significa perder diferencial de mercado. 

A pesquisa da McKinsey mostrou que:

  • 60% dos colaboradores consideram a saúde mental como um fator crucial ao decidir permanecer em uma empresa;
  • empresas com programas sólidos de bem-estar têm 20% mais retenção de talentos.
  • programas de saúde mental podem reduzir o turnover em 35%.

Ou seja, o salário emocional contribui diretamente para que talentos de alta performance escolham continuar contribuindo com a sua organização.

Prevenção de afastamentos por transtornos mentais

Dados exclusivos do Ministério da Previdência Social revelaram que, em 2024, quase meio milhão de afastamentos do trabalho foram por questões de saúde mental.

Além disso, somente em 2023, mais de 285 mil auxílios-doença foram concedidos devido a transtornos mentais no Brasil.

Ao fortalecer o salário emocional com programas de escuta, flexibilidade e apoio psicológico, a empresa reduz adoecimentos e ganha maior estabilidade operacional.

Reforço da imagem organizacional e employer branding

A percepção de que a organização valoriza a saúde mental dos colaboradores gera vantagem competitiva direta no mercado de trabalho. 

Empresas com uma forte marca empregadora (employee branding) podem reduzir o custo por contratação em até 50% e aumentar a taxa de retenção em até 28%, segundo estatísticas do LinkedIn compiladas pela Vouch.

Em um cenário onde o comportamento da maioria dos candidatos, por volta de 76% deles, é pesquisar a reputação da empresa antes de realizarem a aplicação para a vaga, consolidar sua organização com employee branding é fundamental para atrair talentos.

🟠 Quando uma companhia mede e gerencia o salário emocional de forma contínua, ela passa a transformar clima organizacional, engajamento e saúde mental em métricas tangíveis de performance empresarial.

Qual a relação do salário emocional com o bem-estar emocional no ambiente corporativo?

O salário emocional é, na prática, a base do bem-estar no trabalho. 

É o que permite que os colaboradores sintam segurança, respeito e valorização, prevenindo riscos psicossociais.

Um ambiente que oferece apoio emocional não só melhora a saúde mental, mas também fortalece vínculos e cria um ecossistema onde todos podem evoluir profissionalmente.

Desse modo, a própria empresa colhe resultados melhores de seu time.

🟣 Leia também “Como as empresas podem mitigar riscos psicossociais para evitar queda de produtividade operacional e danos à reputação”!

Foto do martelo da justiça na frente de uma balança e um livro de direito, simbolizando as diretrizes da nova NR-1 e a importância de cumprir com a legislação trabalhista.

Como o salário emocional contribui para o cumprimento da NR-1?

A nova NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1) exige que empresas avaliem e mitiguem riscos psicossociais. 

O salário emocional, ao contemplar fatores como reconhecimento, pertencimento e apoio emocional, atua diretamente na prevenção desses riscos.

Ou seja, investir nesta medida não é apenas uma boa prática, mas também uma forma de estar em conformidade legal, evitando penalizações, multas, sanções e fortalecendo a governança corporativa.

🟠 Entenda como aplicar a NR-1 ajuda na prevenção do burnout!

Como implementar o salário emocional na sua empresa?

Para implementar o salário emocional na sua organização é preciso:

Mapear a realidade da sua equipe

Realize um diagnóstico inicial, utilizando pesquisas de clima organizacional e avaliações de riscos psicossociais por meio de testes psicológicos para identificar problemas, expectativas e pontos de melhoria que afetam o bem-estar da sua equipe.

Definir prioridades estratégicas

Transforme os dados do diagnóstico inicial em planos práticos, focando nos fatores mais relevantes para o bem-estar de seus colaboradores, como flexibilidade de horário, reconhecimento ou suporte psicológico.

Criar programas de apoio consistentes

Invista em iniciativas que promovam bem-estar e pertencimento, como mentorias, reuniões de feedback mensal, programas de saúde mental e uma comunicação interna aberta e transparente.

Estabelecer indicadores claros

Acompanhe métricas de engajamento, rotatividade, afastamento, satisfação e os resultados dos testes de saúde mental para colaboradores para medir o impacto do salário emocional e comprovar o retorno dos investimento em saúde mental e bem-estar corportivo.

Revisar e adaptar continuamente a gestão de pessoas

A estratégia de salário emocional não é estática, necessitando de reavaliações periódicas e ajustes nos programas de bem-estar implementados para manter sua eficiência na retenção de talentos e alta produtividade.

Mantenha a escuta ativa para acompanhar as mudanças de necessidades da sua equipe.

Como medir o impacto do salário emocional na sua empresa?

Medir o impacto do salário emocional é essencial para transformar as iniciativas da sua empresa em resultados concretos. 

A BurnUp oferece gratuitamente dashboards atualizados que permitem acompanhar o nível de saúde mental dos seus colaboradores de maneira global e por áreas, permitindo identificar onde é necessário tomar medidas mais urgentes para evitar queda de produtividade e possíveis demissões por sobrecarga.

Esses dados transformam percepções subjetivas em métricas tangíveis, possibilitando ajustes rápidos e decisões estratégicas com base em evidências reais.

Meça, acompanhe e fortaleça o salário emocional com a BurnUp

A BurnUp é um ecossistema de bem-estar emocional gratuito que ajuda sua empresa a medir e potencializar o impacto do salário emocional. 

Com dashboards inteligentes e testes de saúde mental que podem ser feitos a cada 15 dias, você acompanha a saúde mental da sua equipe e toma decisões de gestão de pessoas mais seguras.

Cadastre-se sua empresa gratuitamente na BurnUp para fortalecer sua cultura de bem-estar corporativo!

Assinatura Time BurnUp