Ventosaterapia: tudo o que você precisa saber sobre essa técnica milenar que cuida do seu corpo de forma natural

A ventosaterapia, técnica ancestral da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), atravessou mais de dois mil anos como um verdadeiro tesouro terapêutico. Mais do que simples “marcas redondas” na pele, essa prática funciona como um diálogo entre o corpo e as forças naturais, desbloqueando caminhos energéticos e reativando mecanismos de autocura.

Neste post, vamos explorar sua riqueza histórica, mecanismos fisiológicos e aplicações contemporâneas em detalhes.

O que é ventosaterapia?

A ventosaterapia é uma técnica terapêutica que utiliza ventosas para criar sucção sobre a pele. Essa sucção gera uma pressão negativa que estimula a circulação sanguínea, a liberação de toxinas e a reorganização do fluxo de energia vital (Qi) nos meridianos — os canais por onde essa energia circula, segundo a MTC.

Embora amplamente associada à cultura chinesa, há registros de práticas semelhantes no Egito antigo, com papiros datados de 1.550 a.C. A versão chinesa se consolidou durante a Dinastia Han (206 a.C – 220 d.C) e passou por diversas evoluções: dos artifícios primitivos de bambu que evoluíram para os copos de vidro aquecidos com fogo e, hoje, contamos com ventosas de silicone ajustáveis. 

Como funciona a ventosaterapia?

O princípio central da ventosaterapia é estimular fisicamente a capacidade de autocura do organismo. A aplicação das ventosas produz três efeitos principais:

  1. Efeito mecânico

A sucção provocada pelas ventosas promove a circulação sanguínea. A sucção cria pressão negativa equivalente a 0,2-0,5 kg/cm², gerando microtraumas controlados. Isso estimula fibras nervosas tipo Aδ(A Delta), liberando endorfinas (analgésicos naturais) e ativando o sistema linfático.

  1. Resposta vascular

O aumento da circulação sanguínea na área tratada é um dos principais benefícios da ventosaterapia. Estima-se que a vasodilatação capilar possa ampliar o fluxo de sangue. Esse aumento leva mais oxigênio aos tecidos e facilita a eliminação de resíduos metabólicos.

Para atletas ou pessoas em recuperação de lesões musculares, esse efeito pode ser crucial para acelerar a regeneração.

  1. Regulação bioenergética

Na MTC, acredita-se que doenças surgem quando há bloqueios no fluxo de Qi e sangue. A ventosaterapia atua justamente liberando esses bloqueios — como se desentupisse um cano. Ao aplicar as ventosas em pontos de acupuntura, é possível estimular órgãos e funções específicas do corpo.

Um exemplo é o ponto DaZhui, localizado na base do pescoço, considerado o “interruptor” do sistema imunológico. Ao ser ativado, ele estimula a produção de citocinas anti-inflamatórias, como a IL-10 e o TGF-β.

Quais são os tipos de ventosaterapia?

Existem diferentes técnicas dentro da ventosaterapia, e cada uma tem indicações específicas. Veja as mais comuns:

  • Deslizante: ventosas lubrificadas com óleo de camomila deslizam sobre meridianos, ideal para drenar edemas.
  • Sangria: combina a aplicação das ventosas com pequenas incisões na pele, para remoção de sangue estagnado. Pode ser usada em casos como varizes iniciais.
  • Flash: aplicações rápidas (2-3 segundos) em crianças com resfriados persistentes.

Para quem a ventosaterapia é indicada?

A ventosaterapia pode beneficiar diferentes públicos e quadros clínicos. Veja alguns exemplos de aplicações modernas:

  • Para trabalhadores sedentários: alivia rapidamente rigidez muscular em ombros, pescoço e costas.
  • Para resfriados em ambientes com ar-condicionado: 10 minutos nos pontos FengChi e DaZhui, combinando com chá de gengibre pode aliviar dores de cabeça e congestão nasal.
  • Para tratamentos ginecológicos: a aplicação cíclica no pontos GuanYuan e QiHai, combinando com a moxabustão, melhora cólicas menstruais em 65% dos casos.
  • Para atletas: a ventosaterapia pode acelerar a absorção de hematomas em lesões musculares, reduzindo tempo de recuperação em 3 a 5 dias.

O que significam as marcas coloridas deixadas pela ventosaterapia?

As famosas marcas circulares coloridas deixadas pela ventosaterapia não são hematomas no sentido tradicional — e sim respostas fisiológicas e energéticas que ajudam no diagnóstico, segundo a MTC. Entenda os principais tipos:

  • Vermelho vivo (cor como morango fresco)
    • Causa: aplicação breve (5-8 min), vasodilatação capilar.
    • Indica: saúde normal ou leve estagnação de Qi e sangue.

  • Roxo (cor como casca de uva)
    • Causa: lesões crônicas ou estagnação crônica de sangue.
    • Casos típicos:
      • Lombalgia crônica.
      • Cólicas menstruais.
      • Artrite reumatoide.

  • Cinza esbranquiçado (cor como névoa)
    • Causa: deficiência extrema de Qi e sangue.
    • Grupos vulneráveis:
      • Anêmicos e hipotensos.
      • Grupos submetidos à quimioterapia.
      • Dietas restritivas prolongadas.

  • Bolhas (pequenas vesículas)
    • Causa: excesso de umidade interna
    • Características:
      • Bolhas claras: umidade simples (comum em período chuvosos)
      • Líquido turvo: umidade-calor (comum em pessoas que consomem muito álcool)

  • Padrão reticulado (como teia de aranha)
    • Causa: invasão de vento patogênico
    • Manifestações:
      • Alergias.
      • Urticária
      • Fogachos menopáusicos.

Essas marcas desaparecem naturalmente entre 3 a 7 dias, dependendo do organismo.

Ventosaterapia tem contraindicações?

Sim. Apesar de ser uma técnica segura, a ventosaterapia não é indicada para todos. Veja os principais cuidados:

Contraindicações absolutas

  • Hemofilia
  • Queimaduras extensas
  • Gestantes nos primeiros 3 meses

Contraindicações relativas

  • Uso de anticoagulantes (aguardar pelo menos 48h)
  • Pele com tatuagens recentes
  • Estados febris intensos

Cuidados pós-tratamento

  • Evite banho frio nas primeiras 4 horas
  • Proteja a pele do vento e da exposição solar direta
  • Beba bastante água para ajudar na eliminação de toxinas

Ventosaterapia é só moda ou tem embasamento científico?

Enquanto a Medicina Ocidental busca “combater invasores”, a ventosaterapia opera sob o princípio Wu Wei – “agir sem força”. Como um jardineiro que poda galhos secos para revitalizar a árvore, remove bloqueios para que o Qi flua naturalmente.

Mais que moda passageira, essa terapia milenar se reinventa como ponte entre sabedoria ancestral e ciência moderna. Seus benefícios multiníveis – do alívio muscular imediato à regulação neuroendócrina – a consolidam como ferramenta valiosa na medicina integrativa do século XXI. Para quem busca alternativas além dos analgésicos convencionais, as ventosas oferecem um caminho suave de volta ao equilíbrio orgânico.

Quer aprender mais sobre técnicas da Medicina Tradicional Chinesa e como elas podem contribuir para a sua saúde mental e física? Continue acompanhando nosso blog para explorar conteúdos que conectam você com o seu bem-estar.

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