O Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido popularmente como autismo, é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como a pessoa se comunica, interage socialmente, percebe o mundo e se comporta.
Embora o autismo seja mais comumente identificado na infância, ele acompanha a pessoa por toda a vida e pode se manifestar de maneiras muito diferentes entre os indivíduos. Por isso, é chamado de “espectro”. Pois, há uma grande diversidade de características, habilidades e necessidades.
Neste artigo, vamos entender melhor: o que é o autismo, quais são os níveis de suporte, como ele se manifesta em adultos, os comportamentos mais comuns e como é feito o diagnóstico.
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
Antes de tudo, o autismo é uma condição neurológica e do desenvolvimento que começa na infância e persiste ao longo da vida. Ele afeta principalmente duas áreas:
- Comunicação e interação social: dificuldade em compreender ou responder a interações sociais, interpretar gestos, expressões faciais ou tom de voz, dificuldade em iniciar ou manter conversas.
- Comportamentos e interesses restritos e repetitivos: preferência por rotinas rígidas, foco intenso em temas específicos, movimentos repetitivos (como balançar o corpo ou bater as mãos) e sensibilidade sensorial (a sons, luzes, cheiros ou texturas).
A saber: as causas do autismo ainda não são totalmente compreendidas. Entende-se que fatores genéticos desempenham um papel importante, mas também há influência de aspectos ambientais e o desenvolvimento precoce do cérebro.
Níveis de suporte no autismo

Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), podemos descrever o autismo em termos de níveis de suporte. Isso significa que, ao invés de subdividirmos o espectro em categorias como, por exemplo, autismo clássico ou Síndrome de Asperger (classificação que deixou de ser usada), enfatizamos a intensidade de apoio necessário para lidar com os desafios do dia a dia.
Assim sendo, podemos separar os níveis de suporte do TEA em:
- Nível 1 – Requer suporte: a pessoa consegue se comunicar verbalmente e lidar com atividades cotidianas com alguma autonomia. Contudo, pode ter dificuldades em interações sociais ou em lidar com mudanças na rotina.
- Nível 2 – Requer suporte substancial: há dificuldades mais evidentes de comunicação e comportamento. É provável que essa pessoa precise de ajuda frequente para realizar tarefas e para se adaptar a ambientes sociais.
- Nível 3 – Requer suporte muito substancial: envolve desafios significativos de linguagem, interação e comportamento. Decerto, a pessoa necessita de apoio intensivo e contínuo em diversas áreas da vida.
O autismo em adultos

Apesar do aumento nos diagnósticos precoces nas últimas décadas, muitos adultos autistas, especialmente mulheres e pessoas com alto grau de funcionalidade, passam a vida inteira sem diagnóstico. Isso acontece por diversos motivos, tais como:
- falta de informação;
- estereótipos associados ao autismo;
- ausência de avaliação na infância;
- camuflagem de comportamentos.
Muitos adultos que recebem o diagnóstico tardiamente relatam um sentimento de alívio. É como se, finalmente, conseguissem entender melhor suas dificuldades sociais, sensoriais ou de comunicação ao longo da vida. Dessa maneira, o diagnóstico permite a busca por estratégias de adaptação, suporte psicoterapêutico e redes de apoio.
Os sinais de autismo em adultos podem incluir:
- Dificuldade de socializar ou manter relacionamentos;
- Rotinas rígidas ou resistência a mudanças;
- Foco intenso em temas específicos;
- Hipersensibilidade a sons, luzes ou texturas;
- Exaustão social, ou seja, o cansaço extremo após interações sociais;
- Sensação de “não se encaixar”.
A conscientização sobre o autismo em adultos tem crescido, especialmente com relatos de pessoas autistas nas redes sociais e em movimentos de neurodiversidade, que defendem a valorização das diferentes formas de funcionamento do cérebro.
Principais comportamentos no TEA

O comportamento de uma pessoa com autismo pode variar bastante de acordo com a idade, o nível de suporte e o contexto em que vive. No entanto, há alguns sinais comuns que podemos observar, tais como:
- Comunicação verbal e não verbal: algumas pessoas são não verbais, enquanto outras falam fluentemente. Há também quem use comunicação alternativa (como tablets com voz digital). Mesmo entre quem fala, pode haver dificuldade em compreender piadas, ironias ou expressões figuradas.
- Interesses restritos e intensos: é comum que a pessoa tenha hiperfoco por temas específicos, como dinossauros, mapas, astronomia ou tecnologia. Esses interesses podem ser fonte de prazer, aprendizado e até profissão.
- Repetição de comportamentos: movimentos repetitivos (chamados de estereotipias), como balançar as mãos, andar em círculos ou repetir frases, são comuns e, muitas vezes, têm função reguladora (acalmar ou organizar pensamentos).
- Sensibilidade sensorial: muitos percebem estímulos sensoriais de forma mais intensa. Sons altos, luzes fluorescentes ou etiquetas de roupas podem causar desconforto significativo.
- Dificuldade de interação social: a pessoa pode preferir estar sozinha, ter dificuldades em manter contato visual, entender regras sociais implícitas ou interpretar expressões faciais.
Quem pode diagnosticar o autismo?
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, deve ser feito por uma equipe multidisciplinar, idealmente composta por neurologista, psiquiatra infantil ou adulto, psicólogo e fonoaudiólogo, entre outros profissionais da saúde. O processo pode envolver:
- Entrevistas clínicas com os responsáveis (no caso de crianças) ou com o próprio paciente;
- Observações comportamentais em diferentes contextos;
- Aplicação de instrumentos padronizados, como a Modifield Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT), ADOS (Escala de Observação para Diagnóstico do Autismo) e o ADI-R (Entrevista Diagnóstica para Autismo).
O diagnóstico é clínico e funcional, ou seja, não existe um exame específico ou de imagem que detecte o autismo. A avaliação leva em conta o histórico da pessoa, seus comportamentos e sua forma de funcionar no dia a dia.
Alguns exames genéticos, como o array genômico (CGH-Array) ou o exoma clínico, podem ser solicitados em certos casos para identificar síndromes genéticas associadas ao TEA ou para auxiliar no diagnóstico diferencial, principalmente quando há histórico familiar ou outras condições de saúde associadas.
Quanto mais cedo o diagnóstico for realizado, mais eficazes tendem a ser as intervenções, especialmente na infância. No entanto, o diagnóstico em adultos também é valioso e pode transformar a maneira como a pessoa compreende a si mesma.
Convivendo com o autismo: inclusão, respeito e apoio
Ser autista não é sinônimo de incapacidade. Com apoio adequado e respeito às suas necessidades, pessoas autistas podem se desenvolver plenamente, trabalhar, estudar, formar famílias e levar uma vida satisfatória. O desafio maior está, muitas vezes, na falta de compreensão da sociedade, que ainda impõe barreiras e preconceitos.
Promover a inclusão exige não apenas adaptação de ambientes, mas também mudança de mentalidade. É preciso enxergarmos o autismo não como um problema a ser corrigido, mas como uma forma diferente de perceber o mundo.
Resumindo: o que você precisa saber sobre o autismo?
O autismo é uma condição complexa, multifacetada e presente em todas as idades. Conhecer mais sobre o TEA é um passo importante para quebrar preconceitos e construir uma sociedade mais empática, acessível e acolhedora. Se você suspeita que você ou alguém próximo possa estar no espectro, buscar avaliação especializada é fundamental.
Autoconhecimento, diagnóstico correto e suporte adequado fazem toda a diferença na qualidade de vida de uma pessoa autista, em qualquer fase da vida.
Conte com a BurnUp
Com a BurnUp, você não está sozinho! Estamos ao seu lado para encontrar o bem-estar que vem de dentro pra fora. Conte conosco no dia a dia e, se precisar, busque ajuda!
Canais disponíveis pelo Ministério da Saúde ou Governo Federal:
- Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita) ou acesse o chat no cvv.org.br.
- CAPS e Unidades Básicas de Saúde mais perto da sua casa (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde);
- Se sentir que é urgente, procure a UPA 24H mais perto da sua casa ou chame o SAMU ligando 192 (ligação gratuita).
