A obesidade é uma doença crônica e multifatorial que envolve aspectos biológicos, psicológicos, sociais e ambientais. Vai muito além do peso: afeta a autoestima, o humor, as relações sociais e, consequentemente, a saúde mental.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 milhões de pessoas terão obesidade até 2025. Dessa forma, esse se torna um dos maiores desafios de saúde pública do século. No Brasil, 19,8% da população já vive com obesidade, segundo dados da ABESO.
Além do impacto físico, a obesidade está associada a maior risco de ansiedade, depressão e burnout, conforme apontam estudos recentes da Fiocruz e da OMS. O excesso de peso, o estigma social e as oscilações hormonais criam um ciclo de sofrimento que exige olhar cuidadoso e integral.
Causas e consequências na relação obesidade e saúde mental: corpo e mente conectados
Antes de tudo, o desenvolvimento da obesidade resulta da combinação entre predisposição genética e estilo de vida moderno: alimentação ultraprocessada, sedentarismo, sono insuficiente e estresse crônico.
Ainda, de acordo com novas definições, a obesidade é uma doença crônica, que leva ao aumento do risco de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, câncer, desordens neurológicas, doenças crônicas respiratórias e doenças digestivas.

Tudo isso contribui não apenas para o ganho de peso, mas também para o desequilíbrio emocional. A inflamação sistêmica causada pela obesidade afeta neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, diretamente ligados ao humor e à motivação.
Em um círculo vicioso, o sofrimento emocional pode gerar comportamentos alimentares desregulados, e estes, por sua vez, intensificam os sintomas psicológicos.
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O papel dos novos medicamentos contra a obesidade: Mounjaro e os efeitos sobre a mente
Nos últimos anos, o tratamento da obesidade avançou com os medicamentos análogos de GLP-1 (saxenda, ozempic, wegovy) e, atualmente, os de dupla ação GLP-1 e GIP, como o Mounjaro (tirzepatida). Essas “canetas injetáveis” reduzem o apetite, retardam o esvaziamento gástrico e atuam no cérebro, promovendo saciedade e controlando o peso.
Estudos mostram que o Mounjaro pode gerar perda de até 20% do peso corporal em alguns pacientes (fonte: ANVISA). Mas o efeito sobre a saúde mental ainda é tema de debate.

Segundo uma revisão publicada no The Guardian, apoiado por pesquisas, medicamentos à base de GLP-1 podem reduzir pensamentos obsessivos sobre comida e melhorar o bem-estar mental. Já uma análise de 162 mil pacientes publicada no PMC apontou que alguns usuários apresentaram um risco 108% maior para ansiedade, 195% para depressão grave e 106% mais para comportamentos suicidas, reforçando a importância de acompanhamento psicológico.
Ou seja, a combinação Mounjaro e saúde mental exige vigilância. O uso da caneta deve ser sempre acompanhado por médicos, nutricionistas e psicólogos, especialmente em pacientes com histórico de transtornos emocionais.
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O impacto emocional do emagrecimento rápido
A perda rápida de peso pode afetar o equilíbrio hormonal e emocional. Mudanças físicas bruscas, restrição alimentar e a pressão por resultados podem gerar instabilidade de humor e irritabilidade, especialmente em pessoas que podem ser mais suscetíveis a mudanças, como as que já estão em tratamento medicamentoso para TAG, bipolaridade, depressão e outros casos.
Estudos indicam que parte desses efeitos vem da baixa ingestão calórica e da redução de neurotransmissores ligados à sensação de prazer. Por isso, o emagrecimento precisa ser acompanhado de acolhimento psicológico e autocuidado emocional.
Contudo, há um grande bônus para alguns pacientes com GLP-1: a redução do chamado “ruído alimentar“; ou o que os psicólogos chamam de pensamentos intrusivos relacionados à comida. Por exemplo: os pacientes relatam “desligar” pensamentos constantes, tais como: “Quando vou comer?”, “O que vou comer?”, “Vou ficar satisfeito?” ou “Vou sentir fome de novo?”.
Entretanto, vale ressaltar que os estudos ainda são conflitantes sobre o real impacto das medicações que atuam no emagrecimento e o que elas geram no cérebro/humor.

Estudos sobre canetas emagrecedoras e saúde mental
Segundo artigo, com 80 ensaios clínicos randomizados envolvendo 107.860 pacientes, o tratamento com GLP1-RA não foi associado a uma diferença significativa no risco de eventos adversos psiquiátricos graves ou mudança de sintomas depressivos em comparação com placebo.
Mas, embora seja positivo observar que os medicamentos não parecem aumentar o risco de doenças psiquiátricas, os resultados foram baseados principalmente em ensaios clínicos que excluíram pacientes com sintomas psiquiátricos, ou seja, pessoas com histórico de problemas de saúde mental foram invariavelmente excluídas dos estudos analisados. Portanto, os resultados devem ser considerados evidências preliminares de que esses medicamentos são seguros, e mais pesquisas são necessárias para tirar conclusões definitivas.
Há relatos de casos em que pessoas com depressão ou ansiedade prévias, que os medicamentos pioraram seus sintomas, possivelmente afetando partes do cérebro ligadas ao prazer e à motivação.
Portanto, o mais recomendável é, antes de começar o tratamento para obesidade, buscar o apoio de profissionais da saúde mental e física que humanizem a sua jornada, deem atenção à sua saúde física e mental e que transmitam confiança.
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