Nos últimos anos, uma realidade tem se tornado cada vez mais comum e visível: a chamada “geração sanduíche”. Esse termo é usado para descrever pessoas, geralmente entre 35 e 55 anos, que se encontram em uma posição dupla de cuidado: ao mesmo tempo em que precisam dar atenção aos filhos (crianças ou adolescentes), também assumem a responsabilidade de cuidar de pais idosos ou familiares que necessitam de apoio constante.
Essa sobreposição de papéis pode gerar sobrecarga física, emocional e financeira, impactando diretamente na qualidade de vida. Afinal, é como se o indivíduo estivesse espremido entre duas grandes responsabilidades: os filhos que ainda dependem de sua orientação e suporte, e os pais, que em diferentes graus, passam a precisar de ajuda.
Mas como lidar com esse duplo desafio? E, principalmente, como cuidar da saúde mental tanto do cuidador quanto do idoso envolvido nesse processo?
O que significa ser parte da geração sanduíche?
A geração sanduíche é formada por pessoas que vivem um período de vida marcado por diversas demandas simultâneas: carreira profissional, manutenção da vida conjugal, cuidado com os filhos e, ao mesmo tempo, apoio a pais idosos.
Esse cenário é cada vez mais comum devido a alguns fatores:
- Aumento da expectativa de vida: com as pessoas vivendo mais, cresce o número de idosos que necessitam de cuidados em função de doenças crônicas, limitações físicas ou cognitivas.
- Maternidade e paternidade tardias: como muitas pessoas têm filhos mais tarde, acabam se tornando pais de crianças e adolescentes ao mesmo tempo em que seus próprios pais já estão em idade avançada.
- Transformações sociais e econômicas: a falta de políticas públicas adequadas de suporte ao envelhecimento e de redes de apoio estruturadas faz com que o peso do cuidado recaia sobre os familiares.
Essa condição pode gerar sentimentos de culpa, estresse, exaustão e até isolamento social. Por isso, é fundamental olhar para a saúde mental de quem assume esse papel.
Saiba mais sobre os desafio da Geração Sanduíche no nosso episódio especial do BurnUp Cast.
Cuidados que o cuidador deve ter com a própria saúde mental

Cuidar de alguém é um ato de amor e responsabilidade, mas também é uma atividade altamente desgastante. Por isso, o cuidador precisa aprender a colocar-se como prioridade em alguns momentos, sem carregar a culpa de estar “abandonando” seus familiares. Aqui estão alguns cuidados importantes:
1. Reconhecer seus limites
É comum que cuidadores tentem dar conta de tudo, mas ninguém consegue sustentar um ritmo sobrecarregado sem consequências. Reconhecer que não é possível estar em todos os lugares ao mesmo tempo é o primeiro passo para preservar a saúde mental.
2. Dividir responsabilidades
Sempre que possível, compartilhe as tarefas com irmãos, familiares ou contrate profissionais de apoio. Carregar todo o peso sozinho pode levar ao esgotamento.
3. Manter uma rede de apoio
Conversar com amigos, participar de grupos de apoio a cuidadores ou até buscar terapia pode ajudar a elaborar os sentimentos de angústia, raiva ou culpa que surgem no processo de cuidar.
4. Cuidar do corpo para cuidar da mente
Sono regular, alimentação saudável e prática de atividade física ajudam a manter o equilíbrio emocional. Pequenos hábitos, quando constantes, reduzem significativamente os níveis de estresse.
5. Permitir-se momentos de descanso e prazer
Reservar tempo para hobbies, lazer e autocuidado não é luxo, mas necessidade. Cuidar de si mesmo permite que o cuidador esteja mais presente e com energia para cuidar do outro.
Cuidados que o cuidador deve ter com a saúde mental do idoso

Cuidar de um idoso vai além de garantir que ele tenha alimentação adequada, higiene e segurança física. A saúde mental também deve ser uma prioridade, já que o envelhecimento traz desafios emocionais, cognitivos e sociais.
1. Incentivar a autonomia
Sempre que possível, permita que o idoso faça escolhas e realize tarefas do dia a dia de forma independente. A sensação de utilidade preserva a autoestima e evita sentimentos de inutilidade.
2. Promover a socialização
O isolamento social é um dos principais fatores de risco para depressão em idosos. Estimule encontros com amigos, participação em grupos comunitários, atividades religiosas ou culturais.
3. Estimular a cognição
Jogos de memória, leitura, música, conversas e até o uso de tecnologia podem ajudar a manter o cérebro ativo. Estimular o idoso é uma forma de cuidar da saúde mental e prevenir declínios cognitivos.
4. Validar emoções
É natural que o idoso sinta medo, tristeza ou frustração diante de perdas físicas e sociais. O cuidador deve oferecer escuta ativa, acolhendo essas emoções em vez de minimizá-las.
5. Buscar ajuda profissional quando necessário
Psiquiatras, psicólogos e terapeutas ocupacionais podem oferecer suporte especializado, seja no manejo de sintomas de depressão, ansiedade ou declínio cognitivo.
O equilíbrio possível na Geração Sanduíche

Fazer parte da geração sanduíche não é simples. É um período de vida que exige resiliência, organização e uma boa rede de apoio. Mas, acima de tudo, exige o reconhecimento de que cuidar é um ato coletivo, não individual.
Ao cuidar da própria saúde mental, o cuidador consegue ter mais energia, paciência e qualidade de vida. Ao cuidar da saúde mental do idoso, contribui para que o envelhecimento seja vivido com dignidade, bem-estar e sentido.
No fim das contas, esse equilíbrio não significa ausência de dificuldades, mas sim a capacidade de atravessar os desafios sem se perder de si mesmo e sem deixar de enxergar o outro como alguém que, mesmo precisando de cuidados, continua sendo sujeito de desejos, sentimentos e histórias.
Ser parte da geração sanduíche é estar em um lugar de grande responsabilidade, mas também de grande oportunidade de aprendizado. O desafio é transformar esse papel em um caminho de cuidado mútuo, no qual todos (filhos, pais e cuidadores) possam se sentir vistos, ouvidos e apoiados.
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Canais disponíveis pelo Ministério da Saúde ou Governo Federal:
- Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita) ou acesse o chat no cvv.org.br.
- CAPS e Unidades Básicas de Saúde mais perto da sua casa (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde);
- Se sentir que é urgente, procure a UPA 24H mais perto da sua casa ou chame o SAMU ligando 192 (ligação gratuita).
