Outubro Rosa: como apoiar uma mulher com câncer de mama

O mês de outubro é marcado pelo Outubro Rosa, uma campanha mundial que chama atenção para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Embora a mobilização esteja muito ligada ao rastreamento e aos cuidados médicos, também precisamos olhar para outro aspecto fundamental: o apoio emocional oferecido a quem enfrenta a doença.

O que é o Outubro Rosa

A princípio, o Outubro Rosa surgiu na década de 1990, nos Estados Unidos, e rapidamente ganhou proporções globais. Além disso, o seu símbolo é o laço cor-de-rosa, que representa a luta contra o câncer de mama, a conscientização sobre exames preventivos e o fortalecimento da rede de apoio às mulheres diagnosticadas.

Semelhantemente, no Brasil, a campanha começou em 2002 quando monumentos e prédios foram iluminados com luz rosa, chamando atenção para o tema. Desde então, o movimento cresceu e passou a englobar palestras, eventos, ações de empresas, instituições de saúde e campanhas nas redes sociais.

Nesse sentido, mais do que lembrar de fazer a mamografia ou os exames preventivos, o Outubro Rosa é também um convite para refletir sobre o acolhimento e o cuidado integral da mulher que recebe o diagnóstico.

Outubro Rosa: o impacto emocional do diagnóstico de câncer de mama

Inegavelmente, receber um diagnóstico de câncer costuma ser um dos momentos mais difíceis na vida de uma pessoa. Contudo, para muitas mulheres, o câncer de mama ainda mexe com aspectos muito íntimos da identidade feminina, como a autoestima, a sexualidade e a imagem corporal.

Alguns dos impactos emocionais mais comuns incluem, por exemplo:

  • Negação: muitas mulheres demoram a assimilar o diagnóstico e podem ter dificuldade de falar sobre o assunto.
  • Medo do futuro: a incerteza em relação ao tratamento, à cura e à vida após a doença pode gerar ansiedade intensa.
  • Alterações na autoestima: a queda de cabelo, a mastectomia ou os efeitos colaterais da quimioterapia impactam diretamente a forma como a mulher se enxerga.
  • Tristeza e depressão: sentimentos de desesperança podem surgir durante o tratamento, principalmente em fases mais desgastantes.
  • Preocupação com a família: muitas mulheres se sentem culpadas ou sobrecarregadas ao pensar nos filhos, no parceiro e nas responsabilidades do dia a dia.

Dessa forma, o apoio emocional de familiares, amigos e profissionais é tão importante quanto os cuidados médicos.

Como oferecer apoio emocional a uma mulher com câncer de mama

Com toda a certeza, oferecer apoio emocional não significa ter respostas prontas ou frases motivacionais. Muitas vezes, significa apenas estar presente, ouvir sem julgamentos e validar os sentimentos da mulher que está passando por esse momento. Algumas formas de apoio incluem, por exemplo:

  • Ouvir de verdade: deixar que ela fale sobre seus medos, tristezas e expectativas, sem tentar minimizar.
  • Respeitar o silêncio: nem sempre ela terá vontade de falar; estar ao lado em silêncio também é uma forma de apoio.
  • Validar emoções: frases como “eu entendo que isso é difícil” transmitem empatia e acolhimento.

Maneiras práticas de apoiar no dia a dia uma mulher com câncer de mama

O apoio emocional é essencial, mas também existem maneiras práticas de facilitar a vida de quem está em tratamento. O câncer de mama exige consultas, exames, idas frequentes ao hospital, além dos efeitos colaterais que podem causar fadiga, náusea e indisposição. Algumas formas de ajudar incluem:

  • Apoio na rotina doméstica: cozinhar uma refeição saudável, ajudar na limpeza ou cuidar das crianças.
  • Acompanhamento em consultas: estar junto em exames ou sessões de quimioterapia pode trazer segurança.
  • Organização de horários: oferecer ajuda para planejar transporte, medicamentos e compromissos.
  • Oferecer companhia para atividades leves: um passeio ao ar livre, um café ou até assistir a um filme juntas.
  • Respeitar os limites: em alguns dias ela pode estar disposta, em outros não; adaptar-se é fundamental.

Dessa forma, essas atitudes práticas mostram que a mulher não está sozinha e reduzem o peso que o tratamento pode trazer para a rotina.

Leia também: Doença Crônica e Saúde Mental: como acolher com empatia e apoiar quem enfrenta esse desafio

Frases que ajudam e frases que devem ser evitadas

Nesse caminho, as palavras têm um impacto enorme na vida de alguém em tratamento. Entretanto, muitas vezes, pessoas bem-intencionadas acabam usando frases que soam insensíveis. Veja alguns exemplos:

Frases que ajudam:

  • Estou aqui para o que você precisar.”
  • Imagino que deve estar sendo muito difícil.”
  • “Quer conversar sobre como você está se sentindo?”
  • “Você não está sozinha.”

Frases que devem ser evitadas:

  • “Vai dar tudo certo, é só ter fé.” (minimiza o sofrimento e coloca a responsabilidade apenas nela)
  • “Conheço alguém que teve câncer e morreu.” (traz medo desnecessário)
  • “Você precisa ser forte o tempo todo.” (pressão para não demonstrar vulnerabilidade)
  • “Pelo menos não é pior.” (comparar sofrimentos não ajuda)

Escolher as palavras com cuidado demonstra empatia e respeito.

O papel da rede de apoio profissional no cuidado da saúde física e mental

Além do suporte da família e dos amigos, o acompanhamento com profissionais é essencial. A rede de apoio deve incluir, idealmente:

  • Médicos oncologistas e mastologistas: responsáveis pelo tratamento do câncer em si.
  • Psicólogos: ajudam a lidar com ansiedade, depressão e autoestima.
  • Psiquiatras: em casos mais graves, podem indicar medicação para auxiliar no equilíbrio emocional.
  • Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais: trabalham a reabilitação física, especialmente após cirurgias.
  • Nutricionistas: orientam sobre alimentação adequada durante o tratamento.
  • Grupos de apoio: compartilhar experiências com outras mulheres em tratamento fortalece o senso de pertencimento e reduz o isolamento.

Como cuidar também da própria saúde emocional ao apoiar alguém com câncer

Apoiar uma pessoa querida em um momento de doença pode ser emocionalmente desgastante. Familiares e amigos, muitas vezes, se colocam em segundo plano e acabam negligenciando a própria saúde mental.

Alguns cuidados importantes são:

  • Reconhecer os próprios limites: você não precisa estar disponível 24 horas por dia.
  • Compartilhar responsabilidades: divida tarefas com outros familiares e amigos.
  • Buscar apoio psicológico: conversar com um profissional pode ajudar a lidar com a sobrecarga emocional.
  • Manter atividades prazerosas: não abrir mão de hobbies e momentos de descanso.
  • Praticar autocuidado: sono adequado, alimentação equilibrada e prática de exercícios ajudam a manter o equilíbrio.

Cuidar de si não é egoísmo, é uma forma de garantir que você terá energia para continuar sendo um apoio real para a pessoa em tratamento.

Concluindo: o Outubro Rosa nos lembra da importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento do câncer de mama, mas também nos convida a refletir sobre a dimensão emocional da doença. Apoiar uma mulher com câncer de mama vai muito além de palavras de incentivo: é estar presente, oferecer ajuda prática, respeitar os limites dela e garantir que exista uma rede de apoio profissional cuidando de sua saúde integral.

E, por fim, é essencial que familiares e amigos cuidem também de si mesmos, para que o apoio oferecido seja saudável, equilibrado e duradouro.

A luta contra o câncer de mama não é apenas médica, é também coletiva, feita de amor, empatia e solidariedade.

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Assinatura Luciana Benedetto