Inegavelmente, o mercado de trabalho está cada vez mais desafiador, o que torna essencial o debate sobre o Burnout em diferentes profissões. Afinal, o Burnout deixou de ser uma expressão popular para se tornar um diagnóstico oficial, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como um fenômeno ocupacional associado ao estresse crônico no trabalho.
No entanto, embora o Burnout possua características gerais como, por exemplo, exaustão, distanciamento emocional e queda de desempenho, ele não se manifesta da mesma forma em todas as profissões. Afinal, cada setor possui gatilhos específicos, dinâmicas próprias de pressão e modos diferentes de viver e expressar sofrimento emocional. Por isso, compreender o Burnout de forma setorial é fundamental para criar estratégias de prevenção realmente eficazes.
Assim, vamos explorar como é o Burnout em diferentes profissões e quais medidas de proteção cada setor pode adotar.
O que é o Burnout?
Antes de tudo, é preciso definir o Burnout como uma doença ligada exclusivamente ao trabalho. Apesar de popularmente falarmos em termos como, por exemplo, “Burnout Social”, a definição, classificado no CID-11, é de um fenômeno ocupacional.
Portanto, os 8 principais sintomas do Burnout são:
- Irritabilidade e mudanças de humor
- Cansaço extremo
- Alterações no padrão de sono
- Dificuldades cognitivas
- Sentimento de fracasso ou insegurança
- Isolamento social
- Dores físicas, como dor de cabeça ou problemas gastrointestinais
- Falta de motivação para atividades que antes eram prazerosas
Entretanto, vale ressaltar que esses sintomas são gerais. Isso significa que é preciso avaliar o indivíduo e, de maneira mais ampla, como é o burnout em diferentes profissões.
A saber: conheça a experiência de quem já passou pelo Burnout. Assista ao nosso episódio sobre o tema no BurnUp Cast.
Burnout em profissionais de saúde: entre a exaustão e a hipervigilância
Certamente, a rotina de um profissional dessa área é extremamente cansativa para a saúde mental e física.
Dessa forma, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e psicólogos, o Burnout está frequentemente associado a:
- Sobrecarga emocional constante, especialmente em ambientes de urgência.
- Demandas éticas intensas e medo de cometer erros.
- Escassez de recursos, como equipes pequenas e jornadas exaustivas.
- Contato diário com dor, morte e sofrimento.
Por isso, esses profissionais costumam apresentar um quadro marcado por exaustão emocional profunda, sensação de estar “no limite” e um progressivo entorpecimento afetivo, usado inconscientemente como defesa.

Atitudes para a prevenção do Burnout em profissionais da saúde
- Rodízio de equipes para reduzir exposição prolongada a áreas críticas.
- Supervisão emocional e grupos de apoio entre profissionais.
- Estruturas mínimas adequadas (escala, pausas, volume de pacientes).
- Treinamento institucional sobre self-care como parte da prática clínica.
Burnout em professores e educadores: o esgotamento de quem ensina
A realidade do professor no Brasil passa por diversas dificuldades, acima de tudo para aqueles que atuam na rede pública. Segundo dados, somente no estado de SP, questões como a sobrecarga e a violência afetam a saúde mental de 80% dos professores.
Dessa forma, podemos elencar como situações que os docentes frequentemente enfrentam desafios como:
- Salas cheias, demandas emocionais de vários alunos e famílias.
- Pressão por resultados e avaliações externas.
- Baixa valorização profissional.
- Acúmulo de funções administrativas.
Nesse sentido, o Burnout na educação costuma se manifestar como, por exemplo, sensação de impotência, cinismo crescente, irritabilidade e perda da satisfação com o trabalho, mesmo entre profissionais altamente vocacionados.

Atitudes para a prevenção do Burnout em profissionais da educação
- Políticas de redução de turmas e distribuição equilibrada de tarefas.
- Formação continuada que apoie práticas socioemocionais.
- Espaços de escuta e prevenção ao adoecimento de professores.
- Parceria mais colaborativa entre escola e famílias.
Burnout em profissionais de tecnologia: o custo para a saúde mental do mundo acelerado
Decerto, no mundo pós-pandêmico, o dia a dia do profissional da tecnologia se tornou mais desafiador. Afinal, o profissional de TI precisa enfrentar desafios desencadeadores do Burnout como, por exemplo:
- Cultura de alta performance e entregas rápidas.
- Ambientes competitivos e metas agressivas.
- Constante pressão por atualização técnica (“sempre estar aprendendo”).
- Longas jornadas e modelo 24/7.
Similarmente, além da exaustão, é comum o surgimento de sintomas como:
- Perda de propósito.
- Sensação de substituibilidade (“qualquer um faz o que eu faço”).
- Hiperconectividade e impossibilidade de desconectar.

Atitudes para a prevenção do Burnout em profissionais de TI
- Políticas claras de desconexão digital.
- Roadmaps realistas e metas sustentáveis.
- Incentivo ao aprendizado com tempo protegido.
- Acompanhamento psicológico institucional (como o que a BurnUp oferece para empresas).
Burnout em profissionais da segurança pública: o esgotamento da exposição ao risco contínuo
A saber: segundo pesquisa divulgada pelo Senado Federal, o Brasil tem a 3ª maior população carcerária do mundo. Assim sendo, além de todas as discussões que isso traz na esfera de políticas públicas, esses dados levantam a necessidade de cuidado com a saúde mental e emocional dos agentes de segurança.
Afinal, policiais, bombeiros e agentes de segurança vivem entre:
- Risco constante à integridade física.
- Turnos extenuantes e alta adrenalina.
- Baixa previsibilidade e situações traumáticas.
- Pressão social e emocional intensa.
Vale ressaltar também que nessa área, o Burnout frequentemente se combina com quadros de estresse pós-traumático, irritabilidade, distanciamento emocional e dificuldade de relaxar.

Atitudes para a prevenção do Burnout em profissionais da segurança pública
- Treinamentos frequentes de gerenciamento de estresse.
- Acompanhamento psicológico obrigatório.
- Intervalos adequados entre operações.
- Cultura interna que valorize vulnerabilidade e autocuidado.
Burnout em profissionais da área administrativa: o preço da alta carga cognitiva e pressão contínua
O dia a dia corporativo é extremamente estressante. Não importa o nível hierárquico, em princípio, profissionais do setor corporativo, muitas vezes, lidam com:
- Metas agressivas.
- Cultura de multitarefa constante.
- Reuniões sucessivas sem pausas.
- Demandas de produtividade sem limites.
Dessa forma, o Burnout nesta área se manifesta como, por exemplo:
- Dificuldade de concentração.
- Queda de produtividade.
- Sensação de estar sempre devendo algo a alguém.
- Apatia emocional.

Atitudes para a prevenção do Burnout para profissionais do administrativo
- Instituição de políticas de pausa reais.
- Mensuração de produtividade pela qualidade, não só por entrega.
- Cultura de reconhecimento e feedback saudável.
- Programas de saúde mental voltados ao estresse corporativo.
Burnout em profissionais autônomos: o estresse que vem da incerteza
Segundo dados do IBGE, em 2025, o Brasil conta com mais de 32 milhões de profissionais autônomos. Nesse sentido, ao analisarmos o Burnout em diferentes profissões, os profissionais sem vínculo fixo não podem ser ignorados. Afinal, diariamente, eles lidam com fatores estressantes como, por exemplo:
- Insegurança financeira.
- Jornada sem limite definido.
- Falta de tempo de descanso.
- Mistura entre vida pessoal e profissional.
- Pressão por aceitação de todos os trabalhos para “não perder cliente”.
Além disso, no Burnout do trabalhador autônomo, há uma combinação perigosa de exaustão física com ansiedade antecipatória, resultando em ciclos de hiperprodutividade seguidos de colapsos emocionais.

Atitudes para a prevenção do Burnout que profissionais autônomos podem tomar
- Estabelecer horários rígidos de início e fim do expediente.
- Planejamento financeiro para períodos de baixa demanda.
- Agendamento de pausas semanais obrigatórias.
- Redes de apoio, incluindo terapia.
Burnout em profissionais criativos: pressão econômica + pressão emocional
Por fim, para quem não é da área, profissões criativas podem passar uma falsa imagem de glamour ou de ser um trabalho fácil. Contudo, publicitários, designers, artistas, produtores de conteúdo e roteiristas convivem, diariamente, com:
- Expectativa de criatividade contínua.
- Feedbacks subjetivos e muitas vezes desmotivadores.
- Instabilidade financeira.
- Exposição pública.
- Autocrítica elevada.
- Rotina incerta.
- Competitividade muito acirrada.

Assim sendo, o Burnout no profissional criativo se manifesta como:
- Bloqueio criativo persistente.
- Sensação de inadequação.
- Perda do prazer em criar.
- Irritabilidade.
- Crises de ansiedade.
Atitudes para a prevenção do Burnout que profissionais criativos podem tomar
- Pausas criativas programadas.
- Terapia focada na relação com performance e autoexigência.
- Espaços seguros de experimentação artística.
- Organização financeira para diminuir a pressão por produção constante.
- Cultura voltada para feedbacks estruturados.
Como prevenir o Burnout em diferentes profissões de maneira integrada
Resumidamente, embora cada setor tenha seus riscos, algumas práticas são universais:
1) Limites claros de trabalho
Horários definidos, pausas reais e tempo de descanso protegido.
2) Reconhecimento e valorização
Ambientes que reconhecem esforço e permitem autonomia protegem a saúde mental.
3) Cultura de apoio
A sensação de pertencimento é um dos maiores fatores de proteção contra Burnout.
4) Regulação emocional e autoconhecimento
Aprender a identificar sinais precoces antes que se tornem crises.
5) Acesso a apoio psicológico
Investir em saúde mental é prioridade, para indivíduos e empresas.
Resumindo o esgotamento profissional e o seu impacto diferentes áreas
Por fim, vale reiterar, o Burnout não é igual para todos. Afinal, ele não nasce das mesmas pressões, não aparece com as mesmas queixas e não se resolve com as mesmas estratégias.
Dessa forma, quando olhamos para o Burnout, setor por setor, ganhamos não apenas clareza sobre o que cada profissão precisa, mas também sobre o que cada organização pode fazer para proteger suas equipes.
Concluindo: prevenir o Burnout não é luxo. É responsabilidade, ética e cuidado com o humano. E, quanto mais o profissional de qualquer área compreende seu próprio risco, mais cedo pode agir para se proteger.
Por fim, programas de bem-estar podem ser muito eficazes. Nesse caminho, a BurnUp pode ser sua aliada. Gratuita para pessoas e empresas, na plataforma é possível descobrir o farol da saúde mental e emocional individual e do grupo. Também é possível para o usuário encontrar profissionais de saúde física e mental a preços que cabem no bolso.
Conte com a BurnUp
Com a BurnUp, você não está sozinho! Certamente, estamos ao seu lado para encontrar o bem-estar que vem de dentro pra fora. Conte conosco no dia a dia e, se precisar, busque ajuda!
Canais disponíveis pelo Ministério da Saúde ou Governo Federal:
- Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita) ou acesse o chat no cvv.org.br.
- CAPS e Unidades Básicas de Saúde mais perto da sua casa (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde);
- Se sentir que é urgente, procure a UPA 24H mais perto da sua casa ou chame o SAMU ligando 192 (ligação gratuita).
Referências
- Maslach, C., & Leiter, M. P. (2016). Burnout: A multidimensional perspective.
- World Health Organization (2019). Burn-out an “occupational phenomenon”.
- Schaufeli, W. B. (2021). Burnout: A short socio-cultural history.
- Innanen, H., Tolvanen, A., & Salmela-Aro, K. (2014). Burnout profiles among different professions.
- Bakker, A. B., & Demerouti, E. (2017). Job Demands–Resources Theory.



