Tudo bem não estar tudo bem: por que acolher nossas vulnerabilidades é um ato de coragem

Vivemos em uma sociedade que valoriza a produtividade, o otimismo constante e a performance impecável. Esse caminho leva à queda da saúde mental e quadros de ansiedade, depressão e burnout.

Nesse cenário, admitir que não estamos bem pode parecer fraqueza — mas, na verdade, é um dos maiores atos de coragem e autocuidado que podemos praticar.

O retrato da saúde mental no Brasil

O Brasil enfrenta uma crise silenciosa de saúde mental. De acordo com o relatório “World Mental Health Day 2024” da Ipsos, 54% dos brasileiros consideram a saúde mental o principal problema de saúde do país, um aumento significativo em relação aos 18% registrados em 2018.

Dados do Ministério da Saúde revelam que, em 2024, mais de 440 mil brasileiros foram afastados do trabalho por transtornos mentais, sendo a ansiedade (141.414 casos) e a depressão (113.604 casos) as principais causas.

A juventude também está em alerta: jovens entre 16 e 24 anos apresentam os piores índices de saúde mental, com um Índice de Confiança e Saúde Mental (ICASM) de apenas 523 pontos, muito abaixo da média nacional de 640.

A ilusão do controle emocional constante

A busca pela estabilidade emocional absoluta é, muitas vezes, uma armadilha. Emoções como tristeza, raiva, medo, insegurança e frustração fazem parte da experiência humana — são respostas naturais a eventos da vida. Achar que devemos estar bem o tempo todo gera uma pressão emocional constante, que pode causar ainda mais sofrimento.

Na era das redes sociais, essa pressão se intensifica. Somos bombardeados por imagens de felicidade, conquistas, rotinas perfeitas e corpos saudáveis. A comparação silenciosa com essas vidas “editadas” pode nos fazer sentir ainda mais deslocados quando estamos enfrentando momentos difíceis.

Aceitar que nem sempre estaremos bem é um passo fundamental para construir uma relação mais saudável com nós mesmos.

Vulnerabilidade não é fraqueza — é humanidade

Diante desse cenário, é fundamental reconhecer que sentir tristeza, ansiedade ou esgotamento não é sinal de fracasso, mas uma resposta humana a um mundo cada vez mais exigente. Acolher essas emoções, em vez de reprimi-las, é o primeiro passo para a cura.​

A psicóloga Brené Brown, referência mundial em estudos sobre vulnerabilidade, afirma que “vulnerabilidade é o berço da inovação, da criatividade e da mudança”. Ao nos permitirmos ser vulneráveis, abrimos espaço para conexões mais profundas e autênticas, tanto conosco quanto com os outros.​

Reprimir emoções cobra um preço alto

Ignorar ou minimizar emoções pode gerar efeitos negativos tanto para o corpo quanto para a mente. Emoções reprimidas tendem a se manifestar em outros lugares: dores no corpo, insônia, crises de ansiedade, desânimo profundo e dificuldade de concentração são apenas alguns sinais de que algo está pedindo atenção.

A longo prazo, essa negação das emoções pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos mentais, como depressão e transtornos de ansiedade. Por isso, dar espaço para os sentimentos — mesmo os desconfortáveis — é um gesto essencial de autocuidado.

O impacto do estigma e a importância do diálogo

Apesar dos avanços, o estigma em torno da saúde mental ainda é uma barreira significativa. Muitos evitam buscar ajuda por medo de julgamento ou discriminação. No entanto, pesquisas indicam que o diálogo aberto sobre o tema é essencial para a prevenção e o tratamento eficaz.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que políticas públicas, redes de proteção e suporte comunitário são fundamentais para enfrentar os desafios da saúde mental.​

Acolher-se: um passo para a cura emocional

Quando reconhecemos que não estamos bem e nos permitimos sentir, estamos nos acolhendo. Isso significa parar de se cobrar o tempo todo, abrir mão do perfeccionismo e da necessidade de mostrar força constante. Acolher-se é tratar-se com gentileza e compaixão, como faríamos com alguém que amamos.

Esse processo pode incluir diversas formas de cuidado:

  • Conversar com alguém de confiança: falar sobre o que estamos sentindo nos ajuda a organizar as ideias e nos sentimos menos sozinhos.
  • Buscar ajuda profissional: psicólogos, terapeutas e psiquiatras são aliados fundamentais na jornada de cuidado emocional.
  • Estabelecer pausas e limites: respeitar o próprio ritmo e aprender a dizer “não” é essencial para evitar sobrecargas.
  • Praticar o autocuidado com regularidade: atividades como meditação, exercícios físicos, sono adequado e alimentação balanceada ajudam a manter o equilíbrio mental.

Como abraçar a vulnerabilidade?

Reconhecer nossas vulnerabilidades e que não precisamos enfrentar tudo sozinhos não nos torna fracos; nos torna humanos. Ao aceitarmos que “tudo bem não estar tudo bem”, damos o primeiro passo rumo à cura, à empatia e à construção de uma sociedade mais acolhedora.​

Se você ou alguém que conhece está enfrentando dificuldades emocionais, saiba que não está sozinho. Busque apoio, converse com alguém de confiança e lembre-se: pedir ajuda é um sinal de força, não de fraqueza.

A campanha da BurnUp: “Tudo bem não estar tudo bem”

Consciente da importância de promover o bem-estar emocional, a BurnUp lança a campanha “Tudo bem não estar tudo bem”. A iniciativa visa quebrar tabus, incentivar o autocuidado e oferecer suporte a quem enfrenta desafios emocionais.​

A campanha inclui depoimentos inspiradores que mostra quem nem todo mundo está bem. A BurnUp acredita que, ao criar um ambiente de empatia e compreensão, é possível transformar vidas e fortalecer comunidades.​

Confira o vídeo que também marca o lançamento da BurnUp.

Conte com a BurnUp

Com a BurnUp, você não está sozinho! Estamos ao seu lado para encontrar o bem-estar que vem de dentro pra fora. Conte conosco no dia a dia e, se precisar, busque ajuda!

Canais disponíveis pelo Ministério da Saúde ou Governo Federal:

  • Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita) ou acesse o chat no cvv.org.br.
  • CAPS e Unidades Básicas de Saúde mais perto da sua casa (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde).
  • Se sentir que é urgente, procure a UPA 24H mais perto da sua casa ou chame o SAMU ligando 192 (ligação gratuita).