Traumas de infância: como essas experiências impactam a vida adulta e como superá-las

A infância é um período crucial do desenvolvimento humano. É nessa fase que o cérebro está em formação acelerada, moldado pelas experiências vividas (tanto positivas quanto negativas).

Quando uma criança é exposta a situações adversas intensas ou prolongadas sem o suporte adequado, ela pode desenvolver o que a psicologia chama de trauma de infância. Esses traumas, quando não elaborados, podem repercutir significativamente na vida adulta, influenciando emoções, comportamentos, relacionamentos e até a saúde física.

O que são traumas de infância?

O trauma de infância é uma resposta emocional a um evento profundamente perturbador ou ameaçador vivido durante os primeiros anos de vida. Esses episódios podem ser únicos ou repetitivos e, quando não há suporte emocional adequado, o cérebro infantil grava essas experiências como ameaças permanentes.

Exemplos comuns de traumas infantis:

  • Abuso físico, sexual ou emocional
  • Negligência emocional ou física
  • Testemunhar violência doméstica
  • Perda precoce de um cuidados
  • Pais com transtornos mentais ou dependência química
  • Pobreza extrema, discriminação ou vivência de desastres naturais

Essas experiências são conhecidas como ACEs (Adverse Childhood Experiences – Experiências Adversas na Infância), conceito desenvolvido por Felitti e Anda, que mostrou como a exposição a traumas precoces aumenta o risco de uma série de problemas físicos e mentais na vida adulta, como depressão, transtornos de ansiedade, doenças cardiovasculares, uso de substâncias e comportamentos de risco.

Tipos de traumas infantis

É importante destacar que o trauma de infância não está apenas relacionado ao evento em si, mas à forma como ele é processado pelo cérebro da criança, que ainda não possui os recursos emocionais e cognitivos para lidar com situações adversas. Os traumas podem ser classificados em:

  • Trauma agudo: causado por um único evento marcante, como um acidente ou perda repentina.
  • Trauma crônico: resulta de exposição contínua a situações adversas, como negligência ou abuso recorrente.
  • Trauma complexo: envolve múltiplos eventos traumáticos ao longo do tempo, geralmente dentro de relacionamentos significativos e em contextos de insegurança emocional.

Como os traumas de infância afetam a vida adulta?

Experiências traumáticas moldam a arquitetura cerebral e os sistemas de resposta ao estresse, especialmente o eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal), que regula hormônios como o cortisol. A exposição prolongada ao estresse tóxico pode levar a uma hiperativação desse sistema, deixando o indivíduo mais vulnerável a reações exageradas de medo, ansiedade e impulsividade.

Algumas consequências comuns na vida adulta incluem:

  • Dificuldades de regulação emocional (explosões de raiva, ansiedade crônica, depressão)
  • Problemas de autoestima e identidade
  • Relacionamentos disfuncionais e padrões de apego inseguros
  • Comportamentos autodestrutivos ou de risco
  • Sensação constante de ameaça ou hipervigilância
  • Dificuldade em confiar em outras pessoas ou em sentir segurança emocional

Trauma de infância tem cura?

Sim, é possível superar traumas de infância. A boa notícia é que o cérebro humano é plástico e capaz de se reorganizar ao longo da vida. Isso significa que, mesmo diante de experiências adversas precoces, é possível promover reparações emocionais, desenvolver novas habilidades e viver com mais equilíbrio. 

Caminhos para superar traumas de infância

1. Psicoterapia: a Terapia psicológica é o recurso mais eficaz para lidar com traumas. 

2. Construção de redes de apoio: vínculos seguros com amigos, familiares ou grupos de apoio são fundamentais para a reconstrução da confiança e autoestima.

3. Autoconhecimento e psicoeducação: compreender os próprios padrões emocionais e comportamentais permite maior autorregulação e redução da autocrítica. 

4. Práticas de regulação emocional: técnicas como meditação, mindfulness, respiração consciente, yoga e exercícios físicos regulares contribuem para diminuir a ativação do sistema de estresse e promover maior conexão com o corpo e o presente.

Os traumas de infância não precisam definir o futuro de ninguém. Embora deixem marcas, essas experiências podem ser ressignificadas ao longo da vida, com apoio profissional, vínculos saudáveis e estratégias de autorregulação. Reconhecer a dor, buscar compreensão e investir no próprio cuidado são passos fundamentais no caminho da superação. 

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Canais disponíveis pelo Ministério da Saúde ou Governo Federal:

  • Centro de Valorização da Vida (CVV) – 188 (ligação gratuita) ou acesse o chat no cvv.org.br.
  • CAPS e Unidades Básicas de Saúde mais perto da sua casa (Saúde da Família, Postos e Centros de Saúde).
  • Se sentir que é urgente, procure a UPA 24H mais perto da sua casa ou chame o SAMU ligando 192 (ligação gratuita).